Inundação deste ano, que chegou a 1,76 metros, superou a marca de 1941
Ainda em processo de reconstrução após as enchentes, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) instalou uma placa na fachada externa do prédio para marcar os efeitos da inundação que atingiu o Casarão, nome dado à edificação do governo do Estado, situada no coração do Centro Histórico de Porto Alegre.
Voltada para o lago Guaíba, a placa indica a altura alcançada pela água durante o desastre. Na torre que dá para a avenida Mauá, o nível subiu 1,58 metros, enquanto na entrada pela avenida Siqueira Campos, a água atingiu 1,76 metros. O marco visual foi instalado acima da placa que remete à enchente de 1941, quando a água invadiu o prédio da Sefaz, chegando a 1,33 metros.
Placa de acrílico está fixada acima do registro da enchente de 1941 – Robson Nunes/Ascom Sefaz
“A placa não simboliza apenas os impactos concretos das inundações que vivemos, mas também cumpre um papel de conscientização. Ela ajuda a alertar a população e as futuras gerações sobre a urgência de ações ambientais. Ao destacar eventos extremos, como as enchentes em Porto Alegre, a placa se torna um lembrete tangível das graves consequências da mudança climática”, explica a secretária da Fazenda, Pricilla Santana.
Mesmo com o plano de contingência em execução desde abril, quando o volume de chuvas começou a aumentar, o prédio da Sefaz teve que ser isolado no dia 4 de maio, após o nível do Guaíba ultrapassar a cota de alerta. Apesar das ações preventivas, a inundação foi inevitável, deixando o edifício submerso por cerca de 20 dias e gerando prejuízos ao patrimônio da secretaria.
De acordo com o levantamento do Departamento de Administração da Sefaz, cerca de 20 toneladas de resíduos foram descartadas, o que exigiu a contratação de oito contêineres. Os prejuízos foram estimados em R$ 15 milhões, incluindo a perda de mobiliário, equipamentos de informática e danos severos à rede elétrica. A subestação de energia, localizada no térreo, ficou submersa, o que danificou dois transformadores e os disjuntores. Além disso, as centrais telefônicas dos prédios também sofreram com os estragos.
Com o térreo tomado pelas águas, prédio ficou inacessível por mais de 20 dias (Crédito: Secom)
O acesso ao prédio só foi possível no dia 27 de maio, quando as águas recuaram e permitiram a entrada das equipes para o início dos trabalhos de reconstrução. Uma força-tarefa, composta por mais de 70 pessoas, garantiu a reabertura no início de julho, pouco mais de um mês após o início da recuperação – um tempo considerado recorde diante da magnitude dos estragos.
“Assim que o nível das águas começou a baixar e o acesso ao prédio foi permitido, iniciamos o esforço de higienização. Empresas especializadas foram contratadas de forma emergencial para execução de serviços como a limpeza dos reservatórios de água, remoção de mofo e restauração das bombas hidráulicas”, lembra a diretora de Administração e Patrimônio, Adriana Oliveira.
Prédio da Sefaz tem entradas pelas avenidas Mauá e Siqueira campos – Robson Nunes/Ascom Sefaz
Quase cinco meses após o retorno ao prédio, o térreo da Sefaz ainda passa por processo de limpeza e recuperação. Os próximos passos dependem da secagem natural das superfícies, que será seguida pela raspagem das paredes, preparação para o reboco e, por fim, a pintura. As obras de restauração do Casarão, que já estavam em andamento antes da enchente, também foram afetadas. O canteiro de obras, atingido pelas águas, sofreu danos nas redes elétricas, em estruturas dos ateliês e escritórios, o que exigiu a compra de novas ferramentas e equipamentos.
Para Pricilla, a instalação da placa representa uma ação simbólica e educativa, que reforça a necessidade de práticas mais sustentáveis e conscientiza sobre a urgência da ação ambiental. “Além de incentivar práticas mais sustentáveis, ela destaca a resiliência do povo gaúcho e a força do trabalho colaborativo, especialmente na Secretaria da Fazenda. Durante essa crise, o esforço coletivo incansável dos funcionários garantiu o retorno em segurança de nossos colaboradores e a continuidade dos processos”, conclui.
Texto: Rodrigo Azevedo/Ascom Sefaz