Jonatan Felipe de Oliveira da Silva, 25 anos, havia investido mais de R$ 7 mil para começar o negócio. Mas a água chegou até o telhado de sua casa, onde está todo o material que foi comprado nos últimos meses
WILLIAM MANSQUE
Com a enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio, muitos sonhos foram interrompidos. Não que tenham sido cessados em definitivo, mas, pelo menos, adiados. É o caso de Jonatan Felipe de Oliveira da Silva, 25 anos, que havia investido entre R$ 7 e 8 mil para começar sua carreira de barbeiro.
Morador do bairro Harmonia, em Canoas, Jonatan viu a água invadir a casa onde vive com a esposa, Jéssica de Oliveira Carlos, 31 anos, além de atingir o lar de familiares. Na fuga, atravessou parte do bairro a nado, com a água na altura do peito.
— Foi bem corrido, bem triste. Estava apavorado com o acontecido, encharcado e com frio. Tinha nadado muito. Bah, eu sofri — lamenta.
Ele foi resgatado na BR-448 no dia 4 de maio, e, desde então, está abrigado na sede social da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual do Rio Grande do Sul (AFISVEC), no bairro Cavalhada, zona sul de Porto Alegre. Por lá, está instalado com 15 familiares da esposa, o que inclui a cunhada Gislaine, que foi resgatada com 40 semanas de gestação e deu à luz Tyson menos de 72 horas depois do resgate, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
No abrigo, Jonatan aguarda ansiosamente o momento para voltar ao lar e ver o que ainda é possível aproveitar. A água chegou até o telhado de sua casa. Tomado por essa inundação está todo seu material de barbeiro, que foi comprado nos últimos meses.
Desde o ano passado, Jonatan vinha se preparando para tornar-se barbeiro e abrir sua própria barbearia. Antes, trabalhava como metalúrgico — sua demissão foi oficializada no começo de abril. Ele conta que fazia muita força no trabalho, o que agravava sua hérnia na barriga. A barbearia seria uma nova oportunidade até de qualidade de vida.
— É um mercado bom, com bastante demanda — relata. — Uma profissão legal, que dá um dinheirinho bom. Era algo que estava na minha cabeça, por causa da hérnia. Não ia fazer força cortando o cabelo.
Então, nos últimos meses, Jonatan começou a juntar material para iniciar a profissão, armazenando-os em casa, muito com a ajuda da indenização que recebeu na saída do trabalho anterior. A ideia era que a barbearia fosse no Harmonia, num cantinho que o sogro ia conseguir. Não chegou a começar a obra, o que ele celebra aliviado: seria mais uma perda.
— Já tinha comprado maquininha, ar-condicionado, cadeira, tesoura, creme, tudo que um barbeiro precisa. E tudo ficou embaixo d’água, não sei qual a situação agora — suspira.
Quando sair do abrigo, o barbeiro não sabe se seguirá morando no Harmonia. A família está apreensiva, é um momento de incerteza. Porém, seu sonho segue sendo abrir a barbearia. Jonatan não desistiu.
— Por mais que não tenha sobrado nada lá das minhas coisinhas. Infelizmente, (vou) recomeçar do zero. Mas vou do zero até o 100: conseguir máquinas, cadeira, ar-condicionado, tudo que perdi. Meu foco é abrir meu negocinho. Estava só por abrir, por trabalhar.
Para mais informações sobre como ajudar Jonatan ou sua família, ele deixa o seguinte contato: 51 9339-5807