postos devem ser direcionadas às classes trabalhadores. Ele avaliou que, no atual modelo tributário, são as pessoas mais simples que acabam pagando, proporcionalmente, as maiores cargas tributárias. “Nossa proposta é inverter completamente essa lógica”, disse Flores. Ainda citou o montante de R$ 15 bilhões de isenções fiscais concedidas anualmente no Rio Grande do Sul — o valor inclui incentivos estaduais e federais, inclusive aqueles que incidem sobre os produtos da cesta básica.
– Propôs a expropriação dos latifúndios e terras destinadas ao agronegócio. Defende o fortalecimento da pequena propriedade, “que responde pela produção de 70% dos alimentos”. Afirmou ser necessária uma reforma agrária que não se limite a distribuir terra para os produtores que não as tem, mas que também alcance um modelo de “fazendas coletivas, desestimulando a propriedade privada no campo”. Para o candidato, a reforma agrária, somada à redução da jornada de trabalho, “resolveria parte do problema do desemprego”. Contudo, Flores avaliou que o interesse do capitalismo é manter uma massa de desempregados “que continue pressionando os salários para baixo”.
Mateus Bandeira (Novo)
– Enfatizou a alternativa das concessões à iniciativa privada como forma de atrair investimentos que reduzam a precariedade da infraestrutura rodoviária. Indicou a intenção de serem estabelecidos prazos limites para que a máquina pública emita as licenças ambientais requeridas por produtores e investidores. Entende ser necessário “muito rigor no combate à criminalidade”, não só com as atuais delegacias especializadas em abigeato, mas também com a revisão do estatuto do desarmamento. Para Bandeira, é importante que o produtor rural possa ter direito ao porte de arma para se defender. O candidato do Novo também declarou disposição para rever métodos de fiscalização no campo. Para ele, muitas vezes é privilegiado um viés “punitivo”.
– Pretende melhorar os critérios de fiscalização para que o pequeno produtor possa comercializar a sua produção em todo o Estado. Também se mostrou defensor das políticas de extensão e pesquisa rural. Avaliou que o Estado pratica o excesso de impostos e de intervenção pública, o que “atrapalha o pequeno produtor”. Neste caso específico, se debruçou sobre os pequenos produtores de tabaco. Diz que o Estado adota altíssima carga tributária que afetam os preços do produto final. Diante disso, ele diz que as pessoas que consomem fumo acabam buscando opções mais baratas, como os cigarros contrabandeados do Paraguai, menos tributados, de menor qualidade e ainda mais nocivos à saúde. “Hoje o contrabando é a principal fonte de receita do crime organizado. É excesso de intervenção que destrói empregos na indústria do tabaco”, avaliou Bandeira.
Miguel Rossetto (PT)
– Definiu os “efeitos deletérios da guerra fiscal nas finanças” como “insustentáveis”. Disse que sua equipe de governo está trabalhando em propostas que vislumbrem a redução da alíquota interestadual de impostos, o que, na avaliação do candidato, traria “avanço extraordinário”. Rossetto chegou a citar a redução dos atuais patamares tributários, de 12% e de 7%, para a casa dos 4%. Ele afirmou que o Rio Grande do Sul precisa ser reposicionado na política nacional. Rossetto destaca que o Estado é credor de R$ 4 bilhões ao ano junto à União por conta das isenções previstas na Lei Kandir. Para Rossetto, é necessária articulação capaz de buscar esses recursos.
– Destacou a “relação construída pelo nosso partido e pelos nossos governos” com a agricultura familiar. “Eles nunca foram tão respeitados”, completou o candidato. Citou a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e a “multiplicação por dez” do Pronaf. Destacou como prioridades os investimentos em extensão rural e pesquisa. Enfatizou a intenção de tornar o Rio Grande do Sul, cada vez mais, em um produtor de alimentos saudáveis, orgânicos e agroecológicos. Afirmou que irá avançar para que o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf) “seja efetivamente implantado, simplificando a liberação dos produtos da agroindústria”. Assegurou o projeto de levar internet e escola para a juventude rural. Criticou o atual governo por “comemorar o fechamento de escolas no campo”.
Roberto Robaina (PSOL)
– Avalia que a guerra fiscal permite que empresas façam “chantagem” com os Estados. Para o candidato, é fundamental discutir mecanismos de aumento da receita. Caso contrário, o Estado perde sua capacidade de ser indutor do desenvolvimento econômico. Defendeu uma reforma tributária “geral”. Requer que a União ressarça o Estado por cerca de R$ 50 bilhões em perdas em consequência da Lei Kandir, que, na avaliação do candidato, é uma legislação que precisa ser revogada. Disse compreender que a medida traria impacto ao agronegócio, mas ponderou que uma solução possível seria a criação de um imposto nacional sobre as exportações. Esse tributo permitiria aos Estado ter parte da arrecadação, substituindo o atual modelo em que os governo estaduais perdem e deixam de ser ressarcidos.
– Entende que a soja, atualmente, é visto como um produto de “receita certa, o mais fácil de ser vendido”. Em consequência disso, acredita o candidato, o avanço das plantações de soja traz ao Rio Grande do Sul uma tendência de diminuição da produção de alimentos, como o arroz e o feijão. Para Robaina, um segundo passo da preferência à soja seria a desindustrialização do Estado, se referindo as unidades dedicadas a beneficiar os produtos alimentícios do campo. “A agricultura do Estado está cada vez mais se tornando uma monocultura”, avaliou o candidato. Diante disso, ele ponderou que a sociedade precisa avaliar se quer centralizar sua produção em um programa de exportação de soja. Ele afirmou acreditar em uma política de industrialização, mais alinhada com a produção de alimentos no campo.
Fonte: Zero Hora
Fotos: Divulgação/ ZH