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José Diogo Cyrillo da Silva, 76, Fiscal do ICM da geração 1971. Advogado.
A expressão que titula o texto é da autoria de Millor Fernandes, jornalista, escritor, tradutor, teatrólogo, reconhecido como genial frasista. Puxando pela memória, lembro de minha iniciação nos estudos de contabilidade (Escola Técnica de Comércio Protásio Alves- 1961/1963 ), em que o Professor José Olavo do Nascimento, da disciplina de Contabilidade Geral, costumava enfatizar : “O produto essencial da Contabilidade é a informação confiável “. Em outra toada, lembro do magistério de outro mestre, Professor Zilmar Bazersque Vasconcelos que, em curso preparatório para concursos na área de fiscalização tributária ( final dos anos 1960 ), alertava ser imprescindível sindicar contas sob título : Adiantamentos a Credores/Fornecedores, não liquidados em prazo razoável, porquanto tais rubricas poderiam ocultar operações a dano dos acionistas, do Fisco e de demais credores. Lembro : árdego como felizmente costumam ser os jovens, interrompi o professor e lasquei : “ Mas isso é fraude “. Mestre Vasconcelos não se abalou e respondeu : “ Jovem, em princípio, são adequadas virações contábeis( AVC’S ), que, se não averiguadas, podem, sim, ocultar fraudes “. O escândalo recentemente revelado, no âmbito das Lojas Americanas, a partir de “ inconsistências contábeis “ descobertas pelo CEO que se exonerou, teve como foco inicial o registro contábil : Adiantamentos a Fornecedores, com largo tempo sem liquidação e em montante expressivo.
Em uma perspectiva histórica mais alargada, ocorre-me lembrar aquele que, no século XV, enunciou os princípios e fundamentos da Contabilidade, tal qual ainda em vigor. Refiro-me ao Frei Luca Bartolomeo de Pacioli (1445/1517 ), italiano, que, no século XV , concebeu o Método das Partidas Dobradas, sistematizando a escrituração contábil. A formulação de Luca Pacioli, essencialmente analógica, continua válida no orbe digital em que vivemos.
A propósito, quando mencionei o assunto ao casal de amigos diletos e colegas : Antônio Carlos Brites Jaques e Ana Severo, economistas respeitados, ambos experts com expertise em gestão das finanças públicas, recebi deles uma indagação pertinente : “ Se o balanço é uma mentira contábil, o que dizer do orçamento ? Uma mentira econômica” ? Saí pela tangente, ganhando tempo : “ questionamento para outro texto “.
Por José Diogo Cyrillo da Silva