Banco Central trava desenvolvimento do Brasil

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Por João Carlos Loebens

No dia 17 de julho o Banco Central divulgou a queda de 2% do Indice de Atividade Econômica. Essa retração, segundo eles, é resultado da política de juros altos praticada pelo Banco Central para baixar a inflação.

O Banco Central estabelece a taxa de juros básica – SELIC. O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, possui mandato de 4 anos, de 2021 até o final de 2024. Em março de 2021, no início da atual gestão de Campos Neto, a SELIC era de 2%. Nos meses seguintes, no período março/2021 a agosto/2022, a SELIC foi elevada de 2% ao patamar de 13,75%. Um aumento de quase 12% em um ano e meio, com aumentos de praticamente 2% a cada 3 meses.

Hoje a taxa de inflação está em 3,15%. Se descontamos a inflação da taxa SELIC (início de agosto: 13,75 menos 3,15), temos um juro real de 10,6% – o maior juro do mundo!

Tendo em vista a queda da inflação, espera-se que o mesmo ocorra com a taxa SELIC estabelecida pelo Banco Central. Uma taxa de juros muito alta é ruim para economia, pois impede que as pessoas invistam em função dos juros proibitivos ou extorsivos. É muito mais fácil e mais seguro ganhar 10% a.a. do governo a título de juros (pagos com os impostos de todos), do que investir com risco e lucrar talvez os mesmos 10%, ou dependendo do risco, lucrar menos ou até mesmo perder dinheiro.

A cada 45 dias o Comitê de Política Monetária do Banco Central revisa a taxa SELIC. Na semana passada ocorreu a reunião de revisão e, com uma inflação no patamar de 3%, havia uma expectativa de queda considerável da taxa SELIC, algo como 1,5%, no mesmo patamar dos aumentos fixados em 2021.

No entanto, a redução da SELIC pela equipe de Campos Neto no Banco Central foi de somente 0,5%, passando dos 13,75 para 13,25%, mantendo o juro real acima de 10%, o maior juro do mundo!

Por que a equipe de Campos Neto no Banco Central mantém a maior taxa de juros do mundo?

A taxa de juros da SELIC remunera por exemplo os títulos da dívida pública, comprados principalmente pelos super ricos que tem dinheiro sobrando para aplicar na dívida, incluindo bancos/banqueiros. Com essa elevada taxa de juros, numa previsão para o ano de 2023, o governo é obrigado a transferir a título de juros para esses compradores o equivalente a aproximadamente 700 bilhões de reais em 2023. Isso é muito dinheiro. Representa 23% do total da arrecadação anual do governo. Poderíamos dar o nome de Auxílio Bilionário aos super ricos.

Esses 700 bilhões em 2023, na forma de juros da dívida, vão para o bolso de aproximadamente 1% da população mais rica. Ou seja, 1% das pessoas ganham 23% da grana do governo sem precisar fazer nada, sem produzir nada, somente a título de juros. Isso é tradicionalmente denominado de rentismo, de capital improdutivo.

Em alguns países nórdicos, o 1% mais rico da população acumula 10% da renda do país. No Brasil, o 1% mais rico concentra aproximadamente 50% da riqueza do país. Se considerado o volume de dinheiro, o 1% mais rico possui reservas acumuladas superiores aos 90% menos abastados da população. Essa extrema concentração da riqueza esteriliza recursos econômicos, trava o desenvolvimento e gera insegurança social.

  Como disse Joseph Stiglitz, estadunidense Prêmio Nobel de economia: “o setor financeiro aperfeiçoou suas habilidades para tirar dinheiro do povo sem contribuir para o progresso social – criam riqueza no topo e também criam miséria na base”.

Sob a justificativa de combater a inflação, se está atendendo aos apelos e interesses “do mercado”, o mercado dos rentistas que vivem de juros sem produção.

As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo o posicionamento da Entidade.


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