Catástrofe mostra que Estado deve ter o tamanho necessário

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Coluna da jornalista Rosane de Oliveira na edição desta terça-feira, 11, no jornal Zero Hora.

Sem desmerecer o valioso trabalho dos voluntários, é preciso lembrar que principais demandas recaem sobre estruturas públicas

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Trabalho de bombeiros e policiais foi fundamental durante os resgates na fase mais crítica da enchente.
Mateus Bruxel / Agencia RBS

A enchente que arrasou o Rio Grande do Sul emudeceu os defensores do Estado mínimo. Políticos para os quais o único papel do Estado é “não atrapalhar” estão mergulhados nas próprias contradições, defendendo investimentos e benefícios que não cabem nas teorias nem se encaixam nos discursos do passado. Na hora do caos, é ao Estado (também conhecido como a “Viúva”) que pobres e ricos recorrem com suas demandas pequenas, médias e grandes. Com isso, fortalecem o discurso dos moderados que não querem Estado mínimo nem máximo, mas do tamanho necessário.

A ideia de que “civil salva civil”, difundida nas redes sociais, é uma meia verdade. Sim, o trabalho dos voluntários foi notável no salvamento de pessoas e animais ilhados, na organização e manutenção dos abrigos, no leva e traz de doações. Mas é injusto louvar apenas os voluntários que se mobilizaram para ajudar o Rio Grande do Sul e desconhecer o trabalho de bombeiros, policiais civis e militares, dos pilotos de helicóptero, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e dos servidores públicos em geral que se envolveram nessa tarefa de salvar vidas no momento da emergência. Eles são o “Estado”. Eles arriscaram a vida nos helicópteros que pairavam quase dentro dos rios nas operações de resgate.

É o Estado, aqui entendido como prefeituras, governo estadual e federal, que vai reconstruir as escolas arrasadas, financiar casas, pagar aluguel social, manter abrigos, desassorear os rios.

De onde vem o dinheiro para bancar as despesas ordinárias, como saúde, educação e segurança, e as extraordinárias que surgem de uma catástrofe climática? Dos impostos que pagamos (a maioria de nariz torcido). Quem faz fila nos postos de gasolina que aderem a uma ilusão chamada de “dia sem imposto” agora clama por socorro do Estado para atender sua demanda particular.

Fonte: GaúchaZH (https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/rosane-de-oliveira/noticia/2024/06/catastrofe-mostra-que-estado-deve-ter-o-tamanho-necessario-clx9ib5o100cq0144rr5pndzs.html)

Foto: Mateus Bruxel / Agencia RBS


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