Ricardo Noblat
O presidente Michel Temer foi surpreendido, ontem à noite, com a decisão quase unânime da Executiva Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) de votar contra as reformas da Previdência e do Trabalho.
O PSB tem 35 deputados federais e sete senadores. Como se trata de projeto de lei, a reforma trabalhista precisa para ser aprovada na Câmara de apenas metade mais um dos votos de um mínimo de 257 deputados.
Moleza para o governo. A aprovação deverá ocorrer ainda nesta semana. A reforma que corre cada vez mais riscos é a da Previdência. E aí os votos do PSB farão muita falta.
No caso da reforma da Previdência, trata-se de emenda à Constituição. Ela só será aprovada na Câmara se contar com 308 votos de um total de 513. Por ora, o governo não tem sequer 290 votos garantidos.
Os partidos que se opõem à reforma calculam que o governo conseguirá reunir no plenário da Câmara algo como 500 dos 513 deputados no dia da votação. Dos 500, cerca de 130 são hoje abertamente contra a reforma.
Restarão 370 para serem disputados pelo governo com a oposição. Para derrotar a reforma, basta que pouco mais de 60 dos 370 votem contra. É por isso que a luz vermelha está acesa no Palácio do Planalto.
Admitir, o governo não pode. Mas reconhece entre muros que seu discurso a favor da reforma da Previdência não pegou até agora. E receia os efeitos negativos da greve geral marcada para a próxima sexta-feira.
Para que uma greve geral seja bem-sucedida, basta que não funcione o sistema de transporte coletivo. Para que se crie a impressão de que o país parou, basta parar São Paulo. Há sinais de que isso poderá acontecer.
Em vários pontos do país, o governo registra com preocupação uma forte atividade da Igreja Católica contra a reforma da Previdência, mas não só, e também a favor da greve geral.
Entre colher uma dura derrota no Congresso ou empurrar, ali, a votação da reforma para o segundo semestre, o governo não terá muito que pensar.
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