A estratégia definida pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que tem anunciado publicamente o propósito de promover mudanças estruturais em carreiras públicas, conduzirá o chefe do Executivo a manter reuniões pessoais com dirigentes de sindicatos e associações de servidores até o final de fevereiro. Desde a semana passada, Leite e parte de seu secretariado visitam entidades oferecendo diálogo e oportunidade de negociar por convergências, algo relativamente complicado quando se trata de promover modificações no modelo remuneratório com vistas a economizar recursos do Estado.
“Rever a estrutura das carreiras não pode depender apenas da cabeça do governador. Por isso, estamos fazendo estes encontros, ouvindo e oferecendo o caminho do diálogo. Não será um caminho fácil, pois teremos divergências. Mas se conseguirmos tratar deste tema com honestidade e lealdade, poderemos chegar a resultados que sejam positivos para o Estado”, argumentou o governador em reunião na Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (AsstBM).
Semelhante aos encontros que manteve com representações do Cpers, da Fessergs, da Asdep-RS e da AsofBM na semana passada, ontem, diante dos policiais militares estaduais e de agentes e monitores penitenciários, Eduardo Leite exibiu um relato da situação fiscal do Estado e prometeu manter um canal de relação direta entre seu governo e as entidades sindicais. Segundo o governador, a próxima etapa do processo será conduzida na forma de rodadas temáticas, nas quais representantes do governo vão expor as linhas de alteração propostas pela administração.
Ao final dos encontros de ontem, Leite admitiu o desejo de encaminhar projetos sobre a revisão das carreiras ainda no primeiro semestre deste ano. “Não vou atropelar ninguém, mas não posso ficar só dialogando. O governo terá que agir”, pontuou.
Tucano critica “carreira dos sonhos”
Em nenhum dos seis encontros que realizou até o momento com representantes sindicais de carreiras do funcionalismo, o governador Eduardo Leite (PSDB) explicou claramente quais itens da composição remuneratória e quais critérios da progressão profissional serão alterados. “O que vai ser? Estamos analisando. Este momento, de abertura de diálogo, é o ponto de partida”, sustentou nessa segunda-feira em uma das reuniões.
Leite, contudo, tem dado pistas de que pretende colocar em negociação a retirada de vantagens, gratificações, adicionais e premiações em troca de planos de remuneração e progressão regulamentados de forma mais uniformizada no serviço público estadual. “Não adianta termos uma carreira dos sonhos, mas que não ofereça a segurança de que o servidor irá receber aquilo que está previsto. Não posso prometer aquilo que não é possível cumprir. Isso não é tratar o tema com respeito e, sim, iludir o servidor com falsas promessas”, comentou.
Piratini fala em esforço de todos
Durante encontros com representações sindicais de servidores estaduais, inclusive os realizados ontem, o governador tem mencionado que seu plano de reestruturação do Estado exigirá “esforço de todos” e abordará temas de profunda sensibilidade no relacionamento entre Estado e funcionalismo. “A necessidade de modificações estruturais envolve a folha de pagamento, a estrutura de carreiras e a Previdência”, alertou.
Eduardo Leite argumentou que as alterações têm como objetivos propiciar condição de investimentos e constituir “carreiras atraentes” para o futuro. “Os benefícios do serviço público devem motivar quem se propõe a ingressar nele, mas precisa caber na capacidade das finanças do Estado”, definiu.
Fonte: Correio do Povo
Foto: Alina Souza / CP