Reforma Administrativa pode criar exército de cabos eleitorais com até 100.000 cargos comissionados, segundo especialistas

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A advogada Larissa Benevides explicou que o caderno foi elaborado com uma atenção especial sobre pontos que precisam ser esclarecidos e merecem cuidado dos parlamentares, que ainda vão debater a proposta. “Elencamos os principais impactos da PEC 32 para os servidores públicos em exercício. E, vale ressaltar, que até o momento o governo não divulgou os dados que embasam essa proposta”, destacou.

Com informações de: Ascom/Fonacate

Em mais um Caderno da série Reforma Administrativa, o Fórum das Carreiras de Estado (Fonacate) apresenta os equívocos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que trata da reforma da Administração Pública brasileira.

Lançado durante uma live na tarde desta quinta-feira (5), o Caderno 14 aborda “Os impactos da PEC 32/2020 sobre os atuais servidores” (clique aqui para saber mais sobre os Cadernos da Reforma Administrativa).

Os assessores jurídicos do Fonacate, Larissa Benevides e Bruno Fischgold, autores do Caderno, apontam que objetivo da proposta apresentada pelo governo é enfraquecer o serviço público no Brasil e o instituto do concurso público.

Benevides, que foi a convidada da live de hoje, deixou claro que a PEC 32 traz grave insegurança jurídica para os atuais e futuros servidores. E listou alguns exemplos: imposição do trabalho conjunto de servidores submetidos a diferentes vínculos com a Administração Pública e, consequentemente, munidos de diferentes garantias; substituição das funções de confiança e cargos em comissão por cargos de liderança e assessoramento, que poderão ser ocupados por qualquer cidadão, independentemente de já ser servidor público ou não, para o desempenho de funções estratégicas, gerenciais ou técnicas, e não apenas de direção, chefia e assessoramento, que podem facilmente se confundir com as desempenhadas pelos atuais servidores públicos; e possibilidade de livre transformação de cargos por decreto presidencial.

Segundo o documento, o aparelhamento pelos chamados “cargos de liderança e assessoramento” pode ser de até 100.000 postos de trabalho no serviço público.

“O que sempre deixamos claro é que ninguém é contra ao aperfeiçoamento do Estado brasileiro. Contudo, o que se pode afirmar é que a PEC 32 vai ser um retrocesso dentro do modelo de gestão pública moderna, tão defendida pelo governo”, disse Larissa.

A advogada explicou ainda que o caderno foi elaborado com uma atenção especial sobre pontos que precisam ser esclarecidos e merecem cuidado dos parlamentares, que ainda vão debater a proposta. “Elencamos os principais impactos da PEC 32 para os servidores públicos em exercício. E, vale ressaltar, que até o momento o governo não divulgou os dados que embasam essa proposta”, destacou.

Rudinei Marques, presidente do Fonacate e do Unacon Sindical, reiterou a preocupação com os cargos de liderança previstos na matéria. “Esses cargos poderão ser preenchidos sem concurso público, com base em critérios meramente político-partidários, criando um exército de cabos eleitorais”, argumentou.

“O Caderno 14 mostra que esse discurso do governo de que a reforma administrativa será apenas para os servidores que entrarem após a promulgação do texto não se sustenta. Queremos uma administração pública moderna sim. Porém, sem apaniguados políticos e cabos eleitorais em cargos que devem ser ocupados por servidores de carreira”, declarou Marques.

O deputado federal professor Israel Batista (PV/DF), também coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, cobrou os dados e estudos que fundamentaram a proposta do governo e lembrou dos cadernos lançados até o momento, dando um destaque especial para o que trata da avaliação de desempenho.

“Servidor nenhum é contra avaliação. O que não podemos aceitar é perseguição política”, pontuou o parlamentar. Para ele, é preciso atuar em pontos específicos para a melhoria da gestão pública, não acabar com a estabilidade e suprimir garantias. 

Assista abaixo a live na íntegra.


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