Regime de Recuperação Fiscal divide candidatos ao governo do RS

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Argumentações distintas sobre aderir ou rejeitar o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), oferecido pela União ao Estado, ajudaram a demarcar o campo político e a visão sobre administração pública de cada um dos sete candidatos presentes no debate eleitoral no programa “Esfera Pública” da Rádio Guaíba nesta segunda-feira. Durante cerca de três horas, Roberto Robaina (PSol), Eduardo Leite (PSDB), Júlio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT), José Ivo Sartori (MDB) e Jairo Jorge (PDT) descreveram propostas e buscaram sustentar diferentes posições acerca da viabilidade financeira do Estado.

Sorteado para a primeira intervenção, Miguel Rossetto teve o Regime de Recuperação Fiscal como tema e dirigiu sua pergunta para o candidato à reeleição, José Ivo Sartori (MDB). “O senhor tem anunciado seu desejo de assinar o acordo que fez com (Michel) Temer, o chamado Regime de Recuperação Fiscal, que não recupera nada e aprofunda a crise. Não ganhamos nada, somos obrigados a vender patrimônio e proibidos de ampliar contratação de policiais e professores. Quero fazer uma pergunta que envolve um compromisso ético com o eleitor: o senhor vai assinar esse acordo ou vai contratar novos policiais e professores?”, questionou Rossetto.

“Eu devo dizer que nós fizemos mudanças no Estado para equilibrar as finanças. Sem isso não se chega a lugar nenhum. É uma inverdade que o Regime de Recuperação Fiscal não permite colocar funcionários. Especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança, todos eles pelo contingente existente”, respondeu Sartori.

No bloco seguinte, quando o tema sorteado foi Finanças, o RRF voltou à cena e colocou Roberto Robaina e Mateus Bandeira em rota de colisão no campo das ideias. “O RRF, que o senhor diz apoiar, aumenta o endividamento, impede de contratar e obriga o Estado a abandonar a luta judicial sobre a dívida pública para atender aos interesses da oligarquia financeira do país”, desferiu Robaina.

Bandeira confirmou sua defesa pela adesão ao RRF e qualificou: “O regime é um remédio amargo para um paciente que está à beira da morte. A suspensão do pagamento dará condições para a recuperação das finanças para que o Estado volte a investir em segurança.”

No terceiro bloco, o debate foi reproduzido em enfrentamento entre Eduardo Leite e Jairo Jorge. “O RRF é uma ferramenta. Não é solução, mas uma janela de oportunidade para tirar o Estado da crise”, apontou Leite. “Penso que a dívida deve ser renegociada em novos termos com o presidente eleito. Nessa forma, corremos risco de repetir o erro cometido na negociação conduzida pelo governador Antônio Britto (MDB)”, comparou.

Leite vira alvo dos adversários

O clima do debate, que se manteve quente por praticamente todo o programa, teve momentos ainda mais intensos quando adversários passaram a mirar Eduardo Leite (PSDB), de olho em seu recente crescimento nos indicadores de intenção de voto. O resultado foram críticas, comentários e até provocações dirigidas ao tucano.

“Seu partido esteve no atual governo e, na Secretaria de Minas e Energia, ajudou a ampliar o prejuízo das empresas do setor energético para justificar a proposta das privatizações. Quem começa por CEEE, CRM e Sulgás, acaba querendo privatizar saúde e educação”, cutucou o candidato Miguel Rossetto (PT). “Nossa gestão reduziu o déficit da CEEE. Não tenho uma sanha privatista”, respondeu Leite.

Em outro embate, Júlio Flores (PSTU) comentou sobre a investigação que ocorre sobre a administração do PSDB, em Pelotas, por conta de suposta fraude em exames ginecológicos, e também cobrou do tucano posicionamentos acerca de combate à sonegação e políticas de isenção fiscal. “O senhor vai continuar com a farra do dinheiro público”, apontou Júlio.

Leite elevou o tom e acusou o candidato do PSTU de dizer “bobagens”, pelas quais o PSDB pretende processar o adversário, segundo afirmou o tucano.

A ofensiva prosseguiu quando Mateus Bandeira (Novo) dirigiu pergunta ao tucano sobre políticas sociais. “O senhor, que é um jovem político profissional, dizia que o canhão de transformação da sociedade é o governo. Agora, passou a dizer, em suas propaganda na TV, que são as pessoas, como eu costumo dizer. O que aconteceu: foi seu marqueteiro quem o instruiu a dizer ou o senhor aprendeu comigo?”, provocou.

A resposta veio de pronto: “Eu entendo que essas falas se devem ao nosso crescimento nas pesquisas e isso não irá tirar nosso foco”, definiu Eduardo Leite.

Confira aqui o debate.

Fonte: Correio do Povo

Foto: Alina Souza


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