PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS)
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse nesta segunda-feira (6) que o estado deve deixar de arrecadar R$ 700 milhões em abril. Uma das razões para a queda é a diminuição do consumo e atividades econômicas em função do isolamento social necessário para evitar a proliferação do novo coronavírus.
Segundo a Secretaria da Fazenda gaúcha, a previsão de arrecadação de IPVA e ICMS para abril era de R$ 4,03 bilhões antes da crise. Agora, a previsão está em R$ R$ 3,33 bilhões.
Em valores líquidos (sem receita para municípios, por exemplo), a queda é de R$ 350 milhões -o que equivale a um terço da folha de pagamento dos servidores do Executivo, por exemplo. Os salários de março serão quitados totalmente apenas em 30 de abril, com um mês de atraso.
A estimativa de perda é baseada em levantamento da Receita Estadual. Um estudo mostra que as vendas do varejo caíram 43% na semana em que as medidas mais rígidas de isolamento social para combater o novo coronavírus já estavam em vigor, entre 21 e 27 de março. A análise foi feita a partir da análise de emissões de notas fiscais eletrônicas.
Antes da queda, porém, o estado registrou um aumento na venda de produtos farmacêuticos (54%), limpeza (44%), laticínios (44%) e cereais (42%). O aumento foi registrado nos primeiros dias de anúncios das medidas para evitar a proliferação da Covid-19.
“As pessoas correram para os mercados para fazer estocagem de produtos e para se preparar para as semanas seguintes, prevendo desabastecimento ou se preparando para o isolamento social como vivemos hoje”, diz Ricardo Neves Pereira, subsecretário da Receita Estadual.
Não há registros de desabastecimento no estado.
A redução de emissões de notas fiscais corresponde ao período em que a população passou adotar mais rigorosamente o isolamento. Foram R$ 520 milhões a menos por dia, em média, entre 21 e 27 de março, em valores de notas fiscais. Uma variação negativa de 16%, de R$ 2 bilhões na primeira semana de medidas contra a Covid-19 para R$ 1,48 bilhão na semana de isolamento mais severo.
A queda no setor de vestuário, por exemplo, foi de 82% entre março de 2019 e março de 2020. A venda de calçados caiu 83% no mesmo período. A emissão de notas da venda de aparelhos eletrônicos caiu 62% e a de móveis 60%, em valores.
No comércio de combustíveis, o comércio de gasolina comum caiu 57% em valores médios diários nos períodos antes e depois da quarentena.
O setor preocupa o governo gaúcho porque corresponde a cerca de 18% da arrecadação de ICMS do estado.
Fonte: Zero Hora