Há 71 anos, o Rio Grande do Sul não tem continuação no governo estadual pelo voto popular. A última vez que o mesmo partido foi eleito para seguir foi em 1947, com a posse de Walter Jobim, avô do ex-ministro Nelson Jobim (MDB). O atual governador José Ivo Sartori (MDB), 70, é o próximo a tentar quebrar a tradição.
Pelo caminho, ele enfrenta críticas a políticas como o parcelamento frequente de salários de servidores públicos, a redução do efetivo das forças de segurança pública e a tentativa de aderir ao Regime de Recuperação Fiscal com o governo federal.
Sartori apresenta a assinatura do acordo como única solução para o estado que vive uma das piores crises financeiras da União. Porém, não conseguiu convencer a Assembleia Legislativa a aprovar o plebiscito para encaminhar a privatização de estatais como a CEEE (Companhia de Energia), uma das contrapartidas exigidas.
“Tivemos 86% dos projetos aprovados pelo Legislativo graças ao apoio da base de governo. Os demais projetos, como o plebiscito para decidir sobre o futuro das estatais, não avançaram por conta daqueles que colocaram os interesses pessoais acima do Rio Grande. A popularidade nunca me moveu. O que me move é preparar o Rio Grande do Sul para as próximas gerações”, diz Sartori.
O governador, que tem a maior coligação do pleito, com nove partidos, disputa o páreo com antigos aliados.
O PSDB de Eduardo Leite, 33, presidente estadual do partido e ex-prefeito de Pelotas, que ficou conhecido nacionalmente como “prefeito gato” na sua primeira eleição, anunciou o desembarque da base em dezembro. O último secretário tucano, de Minas e Energia, deixou o cargo no final de janeiro.
Segundo Leite, que tem apoio de sete legendas, a decisão pela candidatura própria veio porque o partido precisava de “um projeto diferente” e “mais afinado” com o pensam para o estado.
“Entendemos que o estado precisa evoluir, precisa dar um passo adiante. A pauta é outra, o momento para os próximos quatro anos é outro. O governo precisa de nova postura, nova atitude”, diz ele.
À esquerda, em outra coligação com sete aliados, está o PDT de Jairo Jorge, 55, ex-prefeito de Canoas, que deixou o PT em 2016.
O partido assumiu a pasta da Educação no início do governo e só saiu em abril do ano passado. Ao contrário dos tucanos, mesmo na base, o PDT votou contra projetos que o governo considerava essenciais, como a extinção das fundações estaduais.
Jorge diz que a aliança inicial com Sartori se deu pelo “propósito de implantar a escola de tempo integral, uma bandeira de Leonel Brizola”.
“Apesar do esforço do Vieira da Cunha (ex-secretário), que ampliou de 46 para 104 escolas, não houve compromisso do atual governo. Ficou latente isso com essa espécie de guerra santa contra os professores e servidores públicos. Isso é irreconciliável para o PDT”, afirma.
O PT, antecessor de Sartori no governo e com força histórica entre os gaúchos, tenta se reerguer. Depois de ter sete partidos na coligação durante as eleições de 2014, este ano, o PT chegou a realizar convenção lançando candidatura solo.
A aliança com o PC do B foi anunciada no último prazo, depois da movimentação nacional que colocou Manuela D’Ávila (PC do B) na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad (PT).
A última vez em que as duas legendas estiveram sozinhas, foi em 2006, quando Olívio Dutra chegou ao segundo turno contra Yeda Crusius (PSDB), passando o então governador Germano Rigotto (MDB).
Ex-ministro dos governos de Lula e Dilma Rousseff (PT), ex-vice-governador do estado, Miguel Rossetto, 58, terá ao seu lado como vice a vereadora Ana Affonso, do mesmo partido. O PC do B ficou com uma das vagas para o Senado.