“Uma reforma injusta e covarde”, diz Edegar em ato de jejum contra a Reforma da Previdência

Compartilhe

Em ato político realizado na manhã desta quarta-feira (13), na Esplanada da Assembleia Legislativa, em apoio à greve de fome iniciada há 9 dias na Câmara dos Deputados por integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) contra a Reforma da Previdência, o presidente do Parlamento gaúcho, deputado Edegar Pretto (PT), afirmou que a proposta do governo Michel Temer (PMDB), de aumentar a idade mínima e de tempo de contribuição dos trabalhadores do campo e da cidade, que na prática resultará em trabalhar uma vida inteira para talvez conseguirem se aposentar, é uma medida injusta e covarde. “Se realmente se tratasse de uma reforma justa ela cobraria o que devem os maiores devedores da Previdência e não atacaria os mais fracos, nem retiraria os direitos do povo, daqueles que mais precisam das políticas públicas do estado”, enfatizou Pretto.

Além de manifestar seu apoio aos representantes dos movimentos sociais que começaram hoje o jejum público em Porto Alegre, como Levante da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Movimento dos Pequenos Agricultores, CUT e Via Campesina, parte da bancada petista – formada pela deputada Stela Farias e pelos deputados Tarcísio Zimmermann, Jeferson Fernandes, Nelsinho Metalúrgico, Altermir Tortelli e Adão Villaverde – aderiu ao jejum na Esplanada. Além dos movimentos citados, o jejum está sendo chamado pela Frente Brasil Popular, FeteeSul, Pastorais Sociais da CNBB, pelo Serviço de Justiça, Paz e Integridade – CRB, ESTEF, CEBI e a Província Franciscana do Rio Grande do Sul.

 

Quem pediu voto de trabalhador tem a obrigação de ser contra

Durante a sua fala, Edegar Pretto lembrou aos presentes que a presidência da Assembleia realizou dezenas de audiências públicas durante o ano em diversas regiões do estado para dizer aos prefeitos, vereadores e lideranças locais que não cruzem os braços, não se acovardem nessa hora e cobrem de seus deputados federais que votem contra reforma. “Aqueles que foram pedir os votos dos trabalhadores e produtores rurais para seus deputados têm por obrigação pegar o telefone, fazer um contato e dizer que são contrários à reforma da previdência. Quem se portar contra a classe trabalhadora e ficar do lado do capital e do sistema financeiro a história haverá de cobrar o pagamento desta conta política “, enfatizou Edegar. O chefe do Parlamento também fez questão de ressaltar que não seria digno de ser um representante do seu pai, o ex-deputado Adão Pretto, o primeiro colono eleito para a Assembleia gaúcha, “se nessa hora eu cruzasse os braços e não estivesse aqui, mesmo em que pese ser o chefe de um Poder. Não estou dizendo apenas que sou contra essa reforma, mas também chamando à responsabilidade deputados e deputadas estaduais que têm suas relações com parlamentares federais, com senadores e senadoras para que também se levantem contra a proposta”.

 

CPI aponta sistema superavitário

Na opinião do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Néspolo, que aderiu ao jejum, “essa é uma reforma perversa, uma medida dos banqueiros que encaminha a classe trabalhadora para a aposentadoria somente quando esta estiver morrendo”. Para o dirigente sindical, a CPI que tratou dos números e da situação da previdência pública brasileira, encerrada em outubro passado, provou que apesar da sonegação, da renúncia fiscal e da desvinculação da receita com a União, o sistema é superavitário. “De fato é mais um golpe num direito fundamental e sagrado dos trabalhadores. Quando marcarem a votação o Brasil vai parar, não vamos admitir mais um retrocesso brutal contra ao povo. A CUT não poderia estar em outro lugar senão aqui, junto com os movimentos sociais e exigindo das bancadas federais que estão ao lado dos bancos que tomem vergonha na cara e larguem o pé do trabalhador e passem a combater a sonegação”, frisou Néspolo.

 

Uma violência contra a sociedade

Em sua manifestação de apoio ao movimento, o bispo Dom Adilson Busin, da Arquediocese de Porto Alegre, natural de Sarandi e filho de pequenos agricultores, afirmou que o lugar da Igreja é onde estiver o povo que sofre e luta. “Essa reforma é sim uma violência contra a sociedade. Estamos junto nessa caminhada em defesa da vida e dos nossos direitos, na superação de todas as violências, sejam as físicas ou sociais”, destacou. Outra importante liderança religiosa a levar sua solidariedade àqueles que iniciaram o jejum foi Dom Humberto Maiztegui Gonçalves, da Igreja Anglicana. Membro do Fórum Interreligioso e Ecumênico em Defesa da Democracia, Diversidade e Direitos, disse “que a fome de hoje, que se inicia neste momento, seja aquilo que nos sacie no futuro. Hoje se faz greve de fome para que o povo não venha a passar fome, para que não haja escravidão. A Previdência já estava mal com o Fator Previdenciário e agora querem escravizar ainda mais a população, querem que a gente morra trabalhando”, disse Dom Humberto, afirmando ainda que as pessoas devem agir nas ruas, nos locais de trabalho, na internet, junto às suas relações pessoais e onde mais for possível para dar uma basta “à fome e injustiças”.

 

Reforma da morte

“Essa proposta é de uma reforma da morte. A simbologia aqui mostrada é que alguns passarão fome por uns dias para que outros não passem fome no futuro. Não podemos aceitar que se retirem direitos conquistados na Constituição de 1988 que asseguram aos trabalhadores poderem se aposentar com dignidade. Se hoje já não temos essa garantia imaginem o que será se ela for aprovada”, lembrou Rosiele Ludtke, da Coordenação Nacional do MPA, ressaltando que atualmente muitas famílias de pequenos produtores rurais já passam por dificuldades financeiras, que serão agravadas se cada membro da família tiver de contribuir separadamente para a previdência.

ALRS


Compartilhe