Venda de ações do Banrisul só deve ocorrer a partir de março

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Governo do Estado planeja que negociação de papéis, considerada fundamental para quitar o 13º salário, seja mais lucrativa até lá

O governo do Estado ainda não definiu uma data para a retomada do processo de venda das ações do Banrisul. O negócio, considerado fundamental pelo Piratini para financiar o pagamento do 13º salário dos servidores, deve ocorrer somente depois de março.

A expectativa do governador José Ivo Sartori é de que, até lá, as ações recuperem valor. Em outubro, quando a oferta foi anunciada, a cotação dos papéis caiu de R$ 17 para R$ 15,4.

Apesar do refluxo, a crença do governo se baseia no comportamento durante todo o ano de 2017. Enquanto o índice Ibovespa registra alta de 22% até agora, as ações preferenciais do Banrisul tiveram ganho de 49% – superior inclusive a de outros bancos, como Itaú (30%), Bradesco (29%) e Banco do Brasil (14%).

Analistas do setor financeiro consideram natural a gangorra no valor de face das ações da instituição gaúcha. Segundo Marco Saravale, da XP Investimentos, desde novembro o mercado está muito volátil, e a tendência natural é uma valorização nos próximos meses.

– Esse ativo tende a se valorizar, mas o mercado é muito dinâmico. Pode mudar completamente dentro do próprio mês. Também há uma chance muito grande de o valor das ações cair tão logo o governo do Rio Grande do Sul anuncie a data de venda dos papéis – comenta Saravale.

Muito da alta das ações no decorrer do ano se deu por conta da ansiedade do mercado diante da possibilidade de privatização do Banrisul. Quando o governo descartou vender o banco e afirmou que a oferta das ações preferenciais se restringiria a 49%, mantendo o controle acionário da instituição, a queda foi inevitável.

Agora, especialistas do setor financeiro estudam os discursos dos pré-candidatos ao governo do Estado, tentando identificar em algum dos pretendentes a intenção de devolver a privatização à pauta da eleição de 2018.

– Essas idas e vindas do governo Sartori é mais um capítulo dessa bagunça que está o Rio Grande do Sul. O mercado está ansiosíssimo com a eleição aí, mas, pelo jeito, o Estado vai ficar quebrado. Até agora, não se viu nenhum dos candidatos fazer uma defesa forte da privatização – afirma um analista político de uma das maiores agências de investimentos do país.

Enquanto a venda das ações não for concretizada, o governo conta com o ingresso de receitas da antecipação do IPVA. Ainda em dezembro, a previsão é de arrecadação extra de R$ 250 milhões. Em janeiro, o montante deve ser maior. Outra aposta do Piratini é a venda no mercado dos títulos referentes à devolução dos incentivos fiscais concedidos à GM.

Nos anos anteriores, a própria montadora resgatou os títulos antecipadamente, pagando em média R$ 330 milhões. Agora não houve acordo, e o Piratini decidiu lançar os papéis no mercado.

Haverá perda de receita por conta do deságio, mas a expectativa é de que sejam obtidos em torno de R$ 270 milhões. O valor total da folha do 13º é de R$ 1,3 bilhão e os encargos a serem pagos ao Banrisul pelos empréstimos aos servidores têm custo estimado de R$ 125 milhões.

Fonte: GaúchaZH

Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS


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