Governo federal vai recompor a arrecadação de ICMS em 22,7% em quatro meses

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um print da tela da videoconferência com a imagem do secretário Marco Aurelio e deputados estaduais
Secretário participou da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa – Foto: Reprodução / ALRS | Agência ALRSDownload HD

A repercussão da crise da Covid-19 nas finanças públicas e as perspectivas com a aprovação do projeto de suporte aos Estados do governo federal foram temas tratados pelo secretário da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, em reunião da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle da Assembleia Legislativa na manhã desta quinta-feira (7).

Na abertura da reunião, introduzida pelo presidente da Assembleia, Ernani Polo, pelo presidente da Comissão, Luis Augusto Lara, pelo líder do governo, Frederico Antunes, e acompanhada também pelo secretário adjunto da Casa Civil, Bruno Freitas, Marco Aurelio fez um balanço dos resultados de 2019. Segundo ele, foi um ano de muito trabalho legislativo, com protagonismo da Assembleia em diferentes frentes de ajuste fiscal e com resultados importantes para as contas públicas.

Em relação ao previsto na Lei Orçamentária para o ano passado, o déficit ficou R$ 2 bilhões abaixo do previsto (R$ 5,2 bilhões) graças ao controle rígido de despesas e medidas de modernização da receita, com crescimento da arrecadação tributária acima do crescimento real da economia. Dessa forma, em 2019, o déficit foi reduzido sem saques dos depósitos judiciais e houve queda de R$ 1 bilhão no estoque de precatórios, além de aumento de 25% na recuperação de tributos atrasados em atuação conjunta com Procuradoria-Geral do Estado e Ministério Público. Operações financeiras de R$ 515 milhões, como a venda de créditos do Fundopem, ajudaram na estabilidade do fluxo de caixa, como na saúde e obras em estradas mesmo com todas as dificuldades históricas que persistem.

Ainda em linha com os resultados do ano passado, o secretário explicou que nos primeiros meses de 2020 esses avanços vinham sendo sentidos também no pagamento da folha, que teve atraso de 13 dias em janeiro e fevereiro, contra os 45 dias que chegaram a ser registrados no ano passado. Houve crescimento da arrecadação de 5% acima da inflação (descontados os efeitos de antecipaçãode tributos para 2018) e o déficit orçamentário no primeiro bimestre foi de apenas R$ 91,9 milhões.

Crise do coronavírus interrompeu avanços fiscais em curso

Com a crise aprofundada em meados de março, houve impactos significativos na arrecadação e demanda por maiores gastos para atendimento à população e preservação da saúde pública. A Secretaria da Fazenda reorganizou estruturas de trabalho, passou a publicar boletins semanais de tendência de arrecadação com dados das notas eletrônicas, buscou apoio para postergar o pagamento de ICMS do Simples Nacional para micro e pequenas empresas. Já os bancos públicos anunciaram linhas de crédito para as empresas. Para evitar o colapso das contas, o governo gaúcho passou a trabalhar para a recomposição imediata de perdas de arrecadação.

Em abril, as perdas tributárias foram de R$ 689 milhões em relação ao projetado. Para maio, a previsão de queda é maior, tendo em vista que reflete as movimentações de abril, um mês que teve todos os seus dias impactados pela crise, ao contrário de março, que teve primeiros dias num cenário de normalidade.

Repasse de R$ 1,95 bilhão para compensar perdas é considerado uma “vitória”

Ao apresentar cenários que mostram a repercussão da Covid-19 sobre as finanças, o secretário lembrou que há cerca de 50 dias o governo do Estado vem trabalhando para um suporte federal que garanta efetivamente recursos em caixa. As negociações foram no sentido de garantir um suporte de liquidez imediato, pois no caso do Rio Grande do Sul os valores de distribuição via FPE e não pagamento da dívida seriam irrisórios. Operações de crédito também seriam um suporte mais lento, não evitando o colapso do caixa.

O aporte de 1,95 bilhão definido pela Câmara e Senado é, na avaliação de Marco Aurelio, uma vitória para o Estado. “Trata-se de um projeto que atende nossa demanda de alívio financeiro que garantirá ao Rio Grande do Sul recursos muito maiores do que aqueles do início das tratativas. É, também, um esforço grande do governo federal no suporte aos entes federados”. Ele destacou, porém que na versão final do projeto há uma desproporcionalidade entre as perdas de cada Estado, tendo em vista que as Regiões Sul e Sudeste, na comparação com a riqueza que geram e, consequentemente, pelas perdas registradas, terão compensação relativamente menor. Pelos cálculos apresentados, os recursos federais ajudarão a cobrir perdas entre 20% a 25% nas Regiões Sul e Sudeste. Em outros Estados este índice passa de 50%.

Para o Rio Grande do Sul, a cobertura para queda de arrecadação será de 22,7% ao longo dos quatro meses, com repasses de quase R$ 500 milhões por mês, além de R$ 260 milhões em quatro meses para a saúde.

Recursos serão incluídos no Orçamento em execução

Ainda sobre o recebimento dos recursos federais, Marco Aurelio explicou que o projeto protocolado ontem na Assembleia pelo Executivo cria rubricas específicas para as demandas do coronavírus, que não existiam antes na previsão orçamentária deste ano. Segundo ele, a medida é de ordem formal e de transparência para acompanhamento da alocação de créditos extraordinários para este fim.

O PL também inclui a autorização de abertura de créditos extraordinários à Secretaria da Saúde no orçamento estadual e foi criado a partir da solicitação dos deputados estaduais para remanejar recursos das emendas individuais para o combate à pandemia, num total de R$ 38,5 milhões que, juntamente com os demais recursos já dotados de emendas estaduais nesta área, atingem um total de R$ 52 milhões para ações de saúde.

Ao ser questionado sobre as perspectivas para o pós-crise, disse que em todo o mundo há incertezas sobre o grau de segurança que as pessoas terão para a manutenção de todas as atividades. “Temos conversado sobre isso no Comitê de Economia para avaliar o comportamento dos setores e como o poder público poderá auxiliar no novo momento que viveremos após esta crise. A economia é o resultado dos comportamentos individuais e isso é uma incerteza no mundo inteiro”. Para o secretário, o que não muda após a crise é o planejamento do governo no sentido de melhorar o ambiente de negócios no Estado, com equilíbrio fiscal, investimentos decorrentes de concessões e privatizações. “Precisamos de muito suporte neste momento para atravessar a crise, com apoio da Assembleia, deputados e governo federal, mas mantemos nossos compromissos de longo prazo do governo, com o ajuste seguindo a seu tempo, conforme a crise permitir”, finalizou.       

Texto: Ascom Fazenda


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